"Penumbra" não é um título para todo mundo [RESENHA]
- Heloysa Galvão
- 20 de fev. de 2019
- 4 min de leitura
Olá, galera! Hoje posto mais uma resenha, depois de tanto tempo sem comentar sobre as minhas leituras. A leitura da vez é "Penumbra", um livro publicado pelo André Vianco através da Leya Editora.

Primeiro, imprescindível que você conheça o autor, até porque ele já publicou vários outros livros e acredito que vale a pena conhecer seus outros escritos.
Mas quem é André Vianco?

André Vianco é um escritor, roteirista e diretor de cinema e televisão natural de São Paulo e publicou seu primeiro livro em forma de autopublicação no ano de 1998, aos 22 anos. Dentre seus títulos podem ser encontradas as séries "Vampiros do Rio Douro", "O Vampiro-Rei", "Meus Queridos Monstrinhos" e os volumes únicos "O Senhor da Chuva", "Estrela da Manhã", "A Casa", "O Caminho do Poço das Lágrimas", dentre outros. "Penumbra" é seu primeiro romance publicado pela editora Leya, que deve publicar novas edições de seus clássicos, e foi lançado em 2017.
É um autor que cita grandes nomes como Stephen King, Edgar Allan Poe, Anne Rice e Victor Hugo como suas maiores inspirações, sendo especializado em escrever literatura de terror, sobrenatural, baixa-fantasia e vampírica.
Agora vamos à minha análise pessoal de seu título "Penumbra".

São 256 páginas de dimensões 22,6 x 15,4 que nos trazem bastante suspense, anunciando o sobrenatural criado por Vianco à medida que a história é desenvolvida, tratando também de assuntos pesados como câncer e abuso infantil. Nem todos terão estômago para ler.
Sinopse:
"Lana acorda num descampado, assustada e com frio. Desorientada, ela só quer encontrar sua mãe e voltar para casa. Mas sua busca não será fácil, pois ela se descobre na Penumbra, um lugar sombrio que foi feito para esquecer. Só que esquecer é tudo que Lana prometeu que nunca faria...
Numa busca obstinada pela mãe, a menina acaba despertando a fúria das criaturas da Penumbra, e terá de ficar frente a frente com a babá Osso Duro, uma entidade perturbadora, mas cujo olhar terno esconde um segredo que poderá colocar em risco todas as regras do lugar."
Trata-se de um livro visualmente belíssimo, que me atraiu desde a primeira vez em que o vi, com ilustração de capa criada pelo artista Ralph Damiani. Ele deveria receber um aumento. A arte é suave e ao mesmo tempo tensa, trazendo de forma coesa a dualidade entre a inocência da criança e a melancolia, o medo da Penumbra, que são dois conceitos trabalhados pelo autor ao longo da obra.

Acompanhamos a saga de Lana, uma garotinha destemida e corajosa que acorda num lugar conhecido por Penumbra, onde o único tom no céu é o crepúsculo, onde nunca amanhece ou anoitece. Na Penumbra, ela encontra outra criança, Jorge, um menino franzino e medroso, e uma recém-nascida, a qual Lana promete a si mesma proteger da luz que surge do céu para buscar as crianças.

Então, somos apresentados a outros dois personagens, responsáveis por recolher as crianças que aparecem na Penumbra e aguardar junto a elas a chegada da Babá Osso Duro, cujo dever é ajudar as crianças a atravessarem pela luz. É então que descobrimos que Lana, Jorge e a recém-nascida eram, na verdade, crianças que morreram tragicamente e foram levadas à Penumbra para que pudessem esquecer seus passados trágicos e seguir em frente pela luz, com a ajuda de Osso Duro, uma figura cadavérica e agridoce que por vezes demonstra se preocupar com as crianças e outras é insensível e bastante dura com elas, principalmente com Lana, que se recusa a esquecer de sua vida e deixar sua mãe para trás, tornando o trabalho da babá mais difícil.
Entre Lana se recusando a esquecer e buscando lembrar do rosto da sua mãe, de como era sua vida e sua casa e Osso Duro tentando guiá-la através da luz, conhecemos diversos cenários e entidades sobrenaturais contra as quais a Babá deve proteger as crianças e alertar Lana de que é perigoso se lembrar na Penumbra, pois lá é um lugar para esquecer.
A premissa do livro é bastante interessante e foi o que me capturou em um primeiro contato com a sinopse e a orelha do livro.
Infelizmente, a despeito da ideia ser bastante boa, a leitura não é tão cativante, por ser uma história cujo desenvolvimento se dá muito lentamente, os novos cenários demoram a ser descobertos (principalmente por todo o livro se dar na Penumbra) e, acima disso tudo, é uma narrativa muito repetitiva. A Babá repete diversas vezes durante o livro"você é só uma criança morta" e "você precisa esquecer, Lana", não são só duas ou três vezes, essa narrativa é recontada durante todo o livro, acabando por torná-lo uma briga de gato e rato entre a Babá e Lana. Eu me vi concluindo o livro apenas porque queria saber o final, não porque a leitura estava me agradando, propriamente, eu apenas tenho a mania de nunca deixar um livro por concluir. A impressão que eu tive ao ler é que a história podia ser resumida em um conto ou pelo menos um livro com 100 páginas a menos, acabando por se estender demais.
O final, entretanto, me pegou de surpresa e eu fiquei feliz por tê-lo concluído, pois definitivamente valeu a pena.
Para quem gosta de terror, sobrenatural e suspense, é uma boa leitura. Mas se você tem dificuldade em acompanhar histórias de desenvolvimento lento, recomendo ler um ou dois capítulos na livraria antes de comprar, para ter uma noção do ritmo. Tem uma boa escrita, com cenários bem descritos, diálogos bem feitos e adequados às histórias e idades de cada personagem, realmente só me incomodei com o ritmo da leitura (e olha que eu li e gostei de Mrs. Dalloway) a incessante repetição das mesmas frases em idênticas situações.
De forma geral, é um bom título que merece ser lido para fãs dos gêneros e me intrigou a ler mais do autor.
Nota: 3.5/5
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