top of page

ESQUECI DE OLHAR A HORA

Contos, livros, resenhas, desenhos. Esqueça de olhar a hora só um pouquinho.

Descubra

"Quem Teme a Morte" é um título indispensável

  • Foto do escritor: Heloysa Galvão
    Heloysa Galvão
  • 30 de jan. de 2019
  • 5 min de leitura

ree

Inaugurando o site, escolhi o nobre "Quem Teme a Morte", meu livro favorito de todos os tempos, ou ao menos um dos, o que nada mais é do que justo. É um livro cuja história não apenas viaja por um incrível mundo distópico, usando e abusando de elementos fantásticos, ele também trata de forma consciente e delicada sobre assuntos sensíveis como estupro, racismo, castração feminina e machismo. Portanto, pode não ser indicado a algumas pessoas.



"Na África do futuro, Onye, uma garota com superpoderes, luta heroicamente para salvar um mundo hostil e devastado"


É com essa frase que se apresenta "Quem Teme a Morte", romance de 409 páginas lançado originalmente no ano de 2010 e escrito pela maravilhosa Nnedi Okorafor, com tradução de Mariana Mesquita. Na imagem, 1ª edição do livro, lançado no Brasil pela Geração Editorial.


Na contracapa, nos deparamos com o seguinte:


"Numa terra devastada por uma hecatombe nuclear, uma jovem e misteriosa mulher com o nome de Onyesonwu - que pode ser traduzido como Quem Teme a Morte - descobre que tem superpoderes e foi escolhida para salvar a humanidade. Este seria um romance distópico como qualquer outro se não transcorresse na África e sua autora não fosse a surpreendente Nnedi Okorador, elogiada pelo prêmio Nobel nigeriano Woyle Soyinka. Fantasias, batalhas, tradições e alta tecnologia, sonhos, visões, discriminação racial e sexual, tudo se mistura numa narrativa tensa e poética que confere uma nova linguagem para os romances do gênero."


De fato, à primeira vista, com a curta e extremamente simplificada sinopse, não somos capazes de distinguir esse livro de uma distopia qualquer, com uma fórmula já há muito batida. O que tornaria esse livro único? Por que eu deveria me interessar em ler suas linhas? Por qual motivo essa história deveria me interessar?


Pois bem, tomei a liberdade de pesquisar e lhes apresentar a autora, que não apenas escreve literatura adulta como também escreveu infantil, infantojuvenil e quadrinhos.


Sobre a autora:

Nnedi Okorafor é uma autora estadunidense de ascendência nigeriana, vindo de uma família igbo (sudoeste da Nigéria), que escreve principalmente sobre ficção especulativa, ficção científica e fantasia.


Com a novela "Binti", Okorafor foi vencedora do Prêmio Hugo e do Prêmio Nébula, prêmios estadunidenses que contemplam os melhores trabalhos dos gêneros de Fantasia e Ficção Científica do último ano e dos últimos dois anos, respectivamente.


Não bastasse outros prêmios recebidos por trabalhos anteriores, "Quem Teme a Morte" lhe garantiu o World Fantasy Award como melhor romance, foi o Tiptree Honor Book no ano de 2011 e indicado ao Nébula em 2010.


Ainda, em 2017 Nnedi Okorafor anunciou que viria a escrever três edições dos quadrinhos de Pantera Negra (Marvel Comics). Assim, ao fim do mesmo ano, "Black Panther: Long Live the King", de sua roteirização, foi lançado. Nnedi ainda lançou uma revista "Venomverse War Stories nº 1" pela Marvel e anunciou em 2018 uma série derivada do universo de Pantera Negra, a qual seria focada nas guerreiras Dora Milaje, denominada "Wakanda Forever". Isso apenas para citar algumas de suas conquistas para que vocês fiquem um pouco mais por dentro dessa escritora incrível que é a Nnedi Okorafor. Para saber mais, entre aqui: http://www.nnedi.com/


Para quem tem interesse em adquirir Wakanda Forever: https://www.amazon.com/Wakanda-Forever-Nnedi-Okarafor/dp/1302913581


Sim, eu faço muita propaganda dessa mulher.


Com essa curta apresentação, podemos ver que Nnedi Okorafor não é uma escritora qualquer que escreve distopias e fantasias em mundos pós-apocalípticos. Então o que mais podemos esperar do que uma distopia feita com uma receita clichê?


Apresento-lhes a orelha do livro, que até brinca um pouco com essa história batida de distopia:


"Ok, você gosta de histórias apocalípticas, as chamadas distopias, que se passam num futuro distante, quando a terra foi devastada e não resta mais nenhuma esperança, a não ser que um grande herói, de preferência jovem, surja para salvar a humanidade? Mas está cansado de ler a mesma história sempre, com poucas variações de cenários e personagens que se repetem?

Mas e se essa história fantástica acontece numa África pós-holocausto nuclear e nosso herói é, na verdade, uma garota cor de areia, cheia de sardas, cuja mãe foi estuprada numa guerra tribal e vagou pelo deserto até se transformar numa criatura sussurrante, cheia de dor e sofrimento? E se ela quer achar o pai estuprador para se vingar dele?

E se essa garota, chamada Onyensowu - que significa Quem Teme a Morte - é discriminada e amaldiçoada por causa de sua origem e temida por seus poderes, mas foi escolhida, assim diz a profecia, para reescrever o Grande Livro e salvar o mundo de uma nova hecatombe? E se essa garota fantástica levita, voa, manipula o tempo, a vida e a morte? E se ela também sofre por ter visões terríveis, de terras massacradas? E se ela pode se transformar em um pássaro e voar por cima desse mundo?

Onyensowu, orientada por um xamã, vai empreender uma longa e épica jornada pela África, na busca de sua vingança que, ao final, transforma-se em nobre objetivo. Ela quer saber - e saberá - porque tem um nome tão incomum. E é aqui que Nnedi Okorafor, nova autora elogiada pelo prêmio Nobel nigeriano Woyle Soyinka, se revela uma grande e talentosa narradora. Ela se esmera em descrições dos fabulosos mundos africanos, num clima de fantasia delirante, mas não abre mão de revelar também realidades geográficas, etnográficas e espirituais de seu sofrido povo.

Nossa heroína sofrerá com a discriminação sexual e racial, mas, questionadora, valente e agressiva, lutará bravamente para mudar a realidade que circunda os lugares e as maldições que o tal Grande Livro - este livro que ela deverá reescrever - lançou sobre a humanidade.

A África pós-apocalíptica de Nnedi Okorafor é fantástica, mas não esconde a África atual, com suas guerras civis e genocídios tribais intermináveis. Neste seu romance original e diferenciado, ela nos apresenta uma heroína de cinema, jovem, generosa e humanista, capaz de superar seus traumas e tornar-se adulta pelos ritos de passagem que todo adolescente vive. É confortador saber que vem da África essa nova e vibrante voz literária."


Agora às minhas considerações pessoais


ree


O livro se passa em um futuro pós-apocalíptico em que um povo chamado Nuru (povo de pele clara) escraviza o povo Okeke (povo de pele escura). A protagonista, cujo nome se escreve em igbo, é fruto do estupro feito por um Nuru sobre sua mãe Okeke, fazendo de Onye uma "mestiça", ou "Ewu", e, por isso, extremamente marginalizada em ambas as sociedades. Os Ewus ("mestiços") são considerados seres malignos, amaldiçoados, sendo por todos abandonados por serem fruto da violência. A mãe de Onye, sendo culpabilizada pelo próprio estupro, é banida de seu povo, passando a viver durante seis anos no deserto com sua filha até conseguir abrigo em uma aldeia.


Ao crescer, Onye descobre aos poucos seus poderes e acaba por chamar atenção de outro Ewu, chamado Mwita, que é aprendiz de um mago chamado Aro, o qual inicialmente se recusa a também ensinar Onye por ela ser uma mulher. Entretanto, após insistência da protagonista, Aro finalmente cede e Onye pode iniciar seu treinamento.


Sentindo que seu pai Nuru a observa e com sede de vingança pelo trauma irreparável causado em sua mãe, Onye parte para matar seu pai, que vive em território Nuru. Ao atravessar o deserto, Onye, acompanhada de Mwita e algumas amigas, faz uma jornada de auto-descoberta sobre suas origens e seus poderes e descobre novos personagens cativantes.


O livro faz poucas menções ao fato de ser uma distopia e um futuro pós-apocalíptico, o que pode confundir alguns leitores acerca da época em que a história se passa, mas, ao meu ver, não constitui em nada algo que impeça ou atrapalhe a leitura fluida e empolgante, recheada de críticas sociais tratadas com força e sensibilidade e altos e baixos que nos deixam querendo saber mais e ir até o fim daquela história.


O final do livro, entretanto, me decepcionou um pouco, pois foi de encontro à toda expectativa construída ao longo da narrativa. Porém, mesmo com esse contratempo, não fui capaz de gostar nem um pouco menos da história e da Nnedi Okorafor.


Nota: 4.5/5


2 comentarios


vanyacg
31 ene 2019

Que site fofo e lindo😍😍😍😍😍

Me gusta

vanyacg
31 ene 2019

Parabéns pela ideia de criar um site para dar feedback sobre livros

Me gusta

Cadastre-se

Mantenha-se atualizado

ENTRE EM CONTATO

Suas informações foram enviadas com sucesso!

Cadastre-se

©2018 by Esqueci de olhar a hora. Proudly created with Wix.com

bottom of page